quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eu sei como você está se sentindo...

     Eu sei que a vida não está nada fácil, que você muitas vezes se sente sem chão, está exausta. Sei que você acorda várias vezes de madrugada, se você estiver tendo sorte de poder dormir. Eu sei que há dias em que você tem vontade de sair correndo e gritando. Eu sei que você trabalha muito, corre além do que pode e também se culpa na mesma medida, se culpa por deixar o filho na creche, se culpa por ter que deixar com babá, se culpa por ter tão pouco tempo de qualidade com ele. Eu também sei que você engole a comida todos os dias porque não tem tempo de almoçar direito. Cuidar de você então, nem se fale, você nem lembra qual foi a última vez que tirou as pontas dos cabelos, se empetecar para você se torna luxo e ninguém entende, você sempre ouve que ainda é tão jovem para não se arrumar mais e que é tão linda para viver de rabo de cavalo. O que ninguém vê é você correndo para pegar filho na escola, levar nas diversas terapias que ele faz, voltar trabalhar, voltar pra casa e não ter cinco minutos sequer para pensar, e se caso você tiver esses cinco minutos, você quer apenas dormir, nada mais. Acredite, eu sei o que é administrar um futuro incerto, você não sabe como vai ser, não sabe o que vai acontecer e o pior de todo esse transtorno é não ter controle sob situação. Eu sei o que é lidar com essa sociedade que apenas fingi, fingi que aceita, fingi que inclui, fingi que entende, fingi que é normal. Eu sei o que é chorar com uma conquista tremendamente pequena ao olhar alheio e ouvir do outros como eu sou boba e choro por qualquer razão. Eu sei o que é as pessoas acharem que você está de drama, que você está sempre cansada demais, mas para quem está de fora tudo é fácil, para quem está de fora a fresca sempre será você. Mas só apenas quem vive na pele é capaz de entender tudo o que uma mãe especial vive, sabe o quão difícil e o quão desafiador é tudo isso. E eu desejo a você Mãe, que se sente cansada e sobrecarregada que chore, faça drama, converse e estrapole, pois no meio da caminhada o fardo é tão pesado que a gente necessita ter cinco minutos de loucura, ter cinco minutos de choro constante para ver se alivia. E eu desejo a você que tenha força, muita força, para lidar com o que for preciso. Eu desejo a você que encontre profissionais capazes que se importem e amem seu filho como eu encontrei. Eu desejo a você e a mim sabedoria para ignorar os comentários desnecessários, para ignorar a perspectiva de quem está de fora. Porque quem vive sou eu, é você Pai ou Mãe que encara de frente o desafiador autismo todos os dias. Então levante a cabeça e siga em frente! E quando o fardo estiver pesado demais, olhe para o seu filho e o veja sorrir, ele pode não falar muito, mas ele sabe demonstrar que te ama.



Um abraço,
Da Mãe da Helena!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A Mãe que eu quero ser! X A Mãe que eu sou!

        Eu já fui mãe em tempo integral, hoje eu sou a mãe que trabalha fora, a mãe que sai logo cedo e deixa o filho na creche, muitas vezes com o coração partido e com o sentimento de que não está fazendo a coisa certa. Eu sou a mãe que chora por tudo, vibra por toda e qualquer evolução, a mãe que aprendeu a agradecer a Deus pelos pequenos detalhes. Eu sou a mãe real sem maquiagem ou cabelo arrumado, a mãe que empeteca a filha e na hora de sair veste um jeans e faz um rabo de cavalo na correria. Eu sou a mãe que deu chupeta, mamadeira e não conseguiu amamentar. Sou a mãe que já chorou de cansaço embalando filho pequeno durante a madrugada. Sou a mãe que sente culpa, se culpa a todo momento. Sou a mãe que foi criticada pela rotina regrada que deu a um bebê tão pequeno. Eu sou a mãe que recebeu um diagnóstico e perdeu o chão, se perguntou o que faria, pensou em tanta coisa, que decidiu não pensar em mais em nada. Eu sou a mãe mais coruja do mundo, talvez a mais louca e a mais apaixonada. Eu quero ser a mãe forte que da conta do recado, aquela que não deixa a desejar. A mãe que segura na mão e mostra o caminho correto. Eu quero ser a mãe que passe os devidos valores. Quero ser a mãe que não esquece de dizer que ama, a mãe que abraça, beija e pega no colo, mesmo quando o filho já é grande demais para isso. Eu quero ser a mãe sábia que sabe corrigir e instruir ao caminho correto. Eu quero ser a mãe que chora em apresentações escolares, que vibra com a conquistas, a mãe presente. Mas de todos os "quereres" dessa vida e de talvez até de outras, eu só quero ser mãe dela e eu a quero do mesmo jeitinho, com as mesmas manias e os mesmos carinhos. Essa sou eu, e o que eu sou sem ela? O que sou eu sem todos os desafios e prazeres de ser mãe da Helena? Ela é minha e eu sou dela. A prova é dela e o desafio é meu! A vida é passageira e eu só quero continuar sendo eu, desse jeito, sem mudar. Sendo mãe, amiga e tudo o que puder para ela.


Um beijo nosso e uma ótima sexta!
Da Mãe da Helena!